Advento é tempo de esperança, de preparação para o nascimento do menino Jesus. É a chegada do nascer de um novo tempo, onde caminhos são preparados para receber a criança de Belém, humilde, simples, enrolada em panos e deitada numa manjedoura.

No Advento somos chamados a mudar de vida e nos comprometer com o novo tempo e a nova vida, pois Deus vem a nós e quer morar em nossa casa, em nossa família, em nosso coração, contagiando-nos com amor, carinho e paz.

É tempo de viver e compartilhar a alegria do Advento e do Natal.  No entanto para uma alegria plena precisamos reavaliar a nossa vida, nosso agir, nossos gestos e nossos objetivos.

É tempo de deitar a nossa cabeça no travesseiro e refletir o que eu fiz neste ano? Agi corretamente? Segui o caminho da luz e da justiça?

É tempo de Advento, tempo de preparação. Tempo de pedir perdão e de perdoar. Tempo de deixar Deus falar conosco. Tempo de renovar as nossas forças e deixar Deus nos animar. Deus quer nos visitar, quer que tenhamos um tempo de Advento e Natal com muito amor e muita paz.

É tempo de Esperança. Abençoado tempo de Advento.

Texto e foto: Pa. Sirlei Nether

“Que é um simples ser humano, ó Deus, para que penses nele?"

 Hebreus 1.6-2

Não sabemos exatamente quem eram os destinatários da carta aos Hebreus. Sabemos, que eram comunidades da primeira cristandade que sofriam perseguição por causa da sua fé. Tratava-se de comunidades que experimentavam insultos, maus tratos, sofrimento e prisões por confessar a Jesus como Senhor e Salvador. Aqueles cristãos estavam tentados a desanimar e a fraquejar, assim como aconteceu com Pedro. A carta que recebem tem, o objetivo de fortalecê-los na jornada. Ainda hoje há pessoas que sofrem em diversas partes do mundo por sustentar o seu testemunho a respeito de Jesus. A maior parte das comunidades cristãs do nosso tempo tem liberdade para anunciar a sua fé com palavras e ações. Quando Pedro afirmou que não negaria Jesus ele não estava sendo desonesto. Ele não levou em conta a fragilidade do ser humano. Por isso, o autor da carta aos Hebreus não gasta tempo apostando as fichas nas pessoas. Ao contrário, motiva a comunidade a voltar-se para Deus e fixar o seu olhar em Jesus. O ser humano carrega consigo a ilusão de que pode dar conta sozinho. Colocando a vontade das pessoas como a razão maior da sua existência. Deste mal sofremos também nós. Não por acaso, o primeiro mandamento nos lembra que é a Deus, e não a nós, que devemos toda a honra. Pessoas que sustentaram seu testemunho em meio às provações aprenderam a não confiar em si mesmas, assim Maria - mãe de Jesus – assim o apóstolo Paulo, assim Lutero. O autor de Hebreus tinha a mesma clareza. Há quem diga que o oposto do amor não é o ódio e, sim, a indiferença. A primeira frase dirigida para as comunidades que recebem a carta os hebreus é que Deus se comunica com o seu povo: “Antigamente, por meio dos profetas, Deus falou muitas vezes e de muitas maneiras aos nossos antepassados”. Eis um grande alento. Não apenas hoje, mas também através da história, Deus tem ouvidos sensíveis ao clamor das pessoas, e de variadas maneiras expressou o seu amor, a sua misericórdia e a sua vontade. Deus não é indiferente. Ele se faz próximo e não deixa na mão aqueles que o buscam.  É verdade que há momentos na vida em que falta chão embaixo dos pés: o diagnóstico de uma doença, a perda de uma familiar ou mesmo uma acusação indevida. Nestes momentos ficamos com a impressão que nem mesmo Deus está olhando pela gente. Elias, Jeremias e Jó também passaram por isso. Por outro lado, muitos de nós já passaram pela experiência de na hora mais difícil encontrarem alento e ajuda de quem talvez menos esperassem. Passado um tempo, o que aconteceu se mostra mais nítido e somos levados a dizer: “Naquele dia Deus colocou um anjo no meu caminho!”. Deus se comunica com os seus filhos A comunidade de hebreus havia recebido a mensagem da salvação oferecida em Jesus Cristo. Em meio à dificuldade de sustentar a sua fé, são lembradas da fidelidade de Deus no decorrer da história. Deus na sua  vontade de comunicar-se com o ser humano, torna-se humano em Jesus Cristo. Caminha junto, sofre junto, chora por Jerusalém e por Lázaro, mostrando-se solidário. Podemos dizer: que Deus sofre e chora por ti e por mim, por nós também. Amém

Pa. Sirlei Nether

No antigo testamento em Gênesis 11, o povo falava uma só língua. Alguns pensaram em ficar famosos, e resolveram construir uma Torre que chegasse aí céu. Deus ao perceber a intenção do povo confundiu  as línguas para que o povo não pudesse mais se entender e em consequência o povo se espalhou na superfície da terra.

E em Pentecostes, Atos 2, acontece o inverso da Torre de Babel.

Inúmeros judeus  estavam em Jerusalém para celebrar a Festa da Colheita, chamada de Pentecostes.

Esse povo falava as mais diferentes línguas. Ali estão os discípulos também reunidos, ainda com medo, cinquenta dias após a Páscoa.

É ali que Deus dá o Espírito Santo aos discípulos. Que cheios do espírito vencem o medo  e começam a falar  de Jesus. O povo ouve  com atenção e compreende a mensagem na sua própria língua. A linguagem do amor é compreendida por todos, mas alguém  precisa  anunciar está mensagem de Jesus a todos.

No entanto, o Espírito Santo continua se manifestando  entre nós, e agindo em todos os tempos e lugares, pessoas falam do agora de Deus, testemunhando a sua palavra e seus ensinamentos na vivência diária.

Que o Espírito Santo permaneça conosco e nos anime, nós fortaleça e nos acompanhe dia após dia. Amém

Oremos:

Senhor, obrigado por estar sempre conosco nos orientando e nos fortalecendo na caminhada.

Dá-nos Senhor coragem para seguirmos  o teu chamado e vivermos a alegria de tua companhia. Dá-nos forças para seguir em frente com fé, esperança e amor. Por Jesus teu filho que oramos

 Amém.

“Respeite o seu pai e a sua mãe, para que você viva muito tempo na terra que estou lhe dando.” Exôdo 20.12

Dia das mães é um dia especial. Uma das maiores bênçãos da vida é possuir mãe, é ser mãe. Seu amor é comparado ao amor de Deus, pois é um amor puro, incondicional um amor que não  espera nada em troca. Seu amor a leva a realizar tarefas árduas, a encarar o sofrimento e sacrifício de si mesma.  

O amor materno começa bem cedo, logo no ventre da mãe e continua enquanto a mãe viver, mesmo que seu filho a abandone, a rejeite, ela o ama e roga a Deus por seu filhinho.  Mãe é um ser que sempre está presente de forma incondicional. Se os filhos e filhas a  rejeitam, ela  perdoa.  Se o filho, filha erra, ela acolhe, e abres uma porta. Se os  filhos e filhas estão felizes, a mãe celebra com eles, se estão tristes, ela chora e lamentas com eles.

Todo o dia é dia das mães! Que cada amanhecer seja para as mães um motivo a mais para sonhar, para viver  e amar.

Os  braços de mãe sempre estão abertos  quando os filhos, filhas precisam de um abraço. O coração de mãe sabe compreender quando eles precisam de uma amiga para ouvi-los. Os olhos sensíveis da mãe  se endurecem quando precisam de uma lição. A força e o amor de mãe orientam para a vida e ensinam a bater  as asas quando é hora de voar. 

Agradeça a sua mãe por ter te carregado nove meses em seu ventre para te dar a vida. Agradeça por tudo que ela fez e faz  por ti e continuará fazendo por ti, caminhando ao teu lado, estando presente em sua vida, nas alegrias e nas incertezas e nas conquistas ela vibra com você. 

Que Deus abençoe a todas as mães, biológicas ou de coração. Que a benção de Deus as fortaleça e as capacite a ser uma mãe que coloca os seus dons a serviço dos filhos e filhas e de sua família.

Que DEUS abençoe as mães  com paz, saúde e alegria; e, mesmo nos momentos mais difíceis e inevitáveis, que você mãe possa contar com ELE,  e se os degraus da vida tiverem difíceis de subir, segura na mão de Deus que com certeza, encontrarás forças necessárias para prosseguir realizando a tua Missão de MÃE. FELIZ DIA DAS MÃES

Pa. Sirlei Nether. 

Tempo de reflexão, de buscar, de agradecimento, de semear a paz por onde passarmos.

Tempo de orar, perdoar e comprometer-se com amor pregado por Jesus Cristo.

Tempo de Salvação.

Tempo de libertação.

Tempo de passar para a luz, o amor para um novo tempo em nossa vida.

É tempo de celebrar a Ressureição.

Feliz e Abençoada Páscoa.

A Semana Santa é uma tradição religiosa que celebra a Paixão, a Morte e a ressurreição de Jesus Cristo. A Semana Santa inicia com o Domingo de Ramos, onde lembramos a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Onde o povo recebe Jesus com ramos verdes, cheios de alegria cantando: “Hosana a Deus! Que Deus abençoe aquele que vem em nome do Senhor!” (Mc.11.8-9), e termina com a ressurreição de Jesus, que ocorre no domingo de Páscoa, é um momento de reflexão e oração (Mc.16.1-8). Semana Santa significa um tempo de recolhimento, de reflexão para renovar a nossa espiritualidade, sendo muito importante para o nosso equilíbrio emocional. 

No entanto, precisamos relacionar a Semana Santa com o sofrimento de Cristo e também com nossas dificuldades que nós encontramos em nosso caminho de vida no dia a dia, nem sempre podem ser considerados como fracasso, mas as mesmas podem ser entendidas como meio para nos tornar fortes, firmes na fé, na esperança e na confiança em Deus. Precisamos aprender com Jesus a olhar a vida de forma positiva, lembrando que Ele, Jesus, caminha conosco em todos os momentos da vida. Amém. 

Pa. Sirlei Nether.

Durante a pandemia assisti vários filmes, mas um em especial me chamou a atenção e que me fez refletir sobre a nossa vida.

O filme conta a história da arara azul que se perdeu e foi morar na cidade, onde conheceu o seu parceiro e formou família. Lá na cidade teve contato com os humanos. Depois de longo tempo na cidade resolveu levar a família para a floresta, onde moravam seus pais e demais familiares de araras azuis.

Na floresta havia uma divisão, onde as araras azuis ficavam de um lado e do outro lado da floresta era a área das araras vermelhas.

Cada grupo defendia o seu lado e a sua comida. As vezes aconteciam brigas, duelos para defender o seu espaço. Com o passar do tempo veio o ser humano ganancioso que começou a desmatar a floresta, destruindo tudo que vinha pela frente.

A arara azul que havia tido contato com o ser humano percebeu que estavam destruindo a floresta e consequentemente a sua casa, sua comida e sua família. As araras azuis se reuniram e resolveram defender o seu espaço da floresta. As araras vermelhas ao perceber que também elas seriam atingidas pela destruição, uniram-se ao grupo das araras azuis. Juntos araras azuis e vermelhas se tornaram mais fortes e venceram o inimigo em comum que estava destruindo a floresta onde viviam. E festejaram juntos a vitória.

Esta história nos leva a refletir que também nós hoje temos um inimigo em comum, (coronavírus), que atinge a todos sem distinção.

E o que nós fazemos? Nos dividimos. Cada um se preocupa só consigo mesmo. Pois continue pensando assim.

Logo, logo as enfermeiras e os enfermeiros, médicos e médicas vão começar a pensar da mesma forma, só em si mesmo e nas suas famílias, e daí como vai ser? Vamos criticá-los?

Pois bem, está na hora, ou seja, já passou da hora de todos, a exemplo das araras, se unirem, fazendo a sua parte. Não importa que lado estamos. Estamos todos sendo prejudicados pelo mesmo inimigo em todos os sentidos (saúde, trabalho, economia).

Precisamos com urgência nos unir desde o mais humilde até o mais rico, deixando de lado a politicagem e a autopromoção.

O vírus não quer DINHEIRO, quer VIDAS. A MINHA VIDA, a TUA VIDA, a VIDA da NOSSA FAMÍLIA, dos NOSSOS AMIGOS, sem distinção.

Por  isso, vamos nos unir, cada um fazendo a sua parte. TODOS juntos podemos vencer, basta esquecer as diferenças e lutar JUNTOS.

Portanto, CUIDE –SE. Use MÁSCARA, ÁLCOOL GEL e EVITE AGLOMERAÇÃO. 

Lembrem da história das araras, venceram o inimigo juntas e festejaram juntas.

E nós queremos vencer? Queremos festejar? Pelo que podemos ver, NÃO.  Então continuaremos lamentando e chorando pelas vidas perdidas. É triste, mas é a dura realidade.

Pa. Sirlei Beatriz Borchardt Nether.

Numa das paróquias por onde passei tinha uma comunidade, onde ao redor da igreja tinha um gramado. Os nossos filhos eram pequenos e sempre iam junto conosco nos finais de semana.

Naquela comunidade tinham largas estradinhas por onde as formigas passavam. E as crianças gostavam de observar as formigas carregando folhas e galhos, alguns maiores que elas mesma, iam em fila levando o alimento para o formigueiro.

As vezes as crianças colocavam alguma coisa no caminho delas, criando obstáculos para elas, só para ver como iam passar, ou se fariam um novo caminho, ou fariam a volta. As pedras, os galhos, pequenos ou grandes, isso para as formigas não era nada, passavam por cima e seguiam o seu caminho até o seu destino, o formigueiro. As formigas tinham um objetivo e sabiam que cada uma teria que fazer a sua parte, sem desistir, mesmo quando os obstáculos, as dificuldades encontradas no caminho eram grandes. O formigueiro era o seu destino.

Olhando para o nosso dia a dia, onde nem de longe chegamos à organização, a persistência e a união das formigas. Nós desistimos com facilidade diante dos obstáculos que a vida nos impõe.

As formigas nos ensinam que nenhum obstáculo é tão grande que não possamos vencê-lo, mas para isso precisamos ter clareza dos nossos objetivos. Onde queremos chegar.

Deus deu para as formigas a perseverança e um objetivo claro e com isso a força necessária para vencer os obstáculos encontrados no caminho. 

E a nós seres humanos, Deus deu sabedoria, inteligência que nos capacita a aprender com as formigas, com a natureza, animando-nos a não desistir diante dos desafios diários.

Todos passamos por momento difíceis em nossa vida, mas Deus nos dá a força e o ânimo para não desistirmos dos nossos projetos e sonhos. Lembre-se das formigas, nada as impede de chegar ao formigueiro.

Assim Deus é bondoso e está ao nosso lado, não permitindo que nós desistimos daquilo que almejamos e pelo qual lutamos. Ele, Deus, nos dará a força necessária para perseverar diante dos obstáculos e termos um novo começo. Uma nova caminhada, basta ter fé e esperança.

Pa. Sirlei Nether.

Pregação: Êxodo 20.1-17

O texto de Êxodo apresenta os dez mandamentos, exigências básicas para a relação do ser humano com Deus e com o próximo. São leis e regras para uma boa convivência com Deus e o semelhante.

Em Israel são as leis mais importantes e básicas, sendo que todas as outras leis são complementares, isto vale para toda comunidade cristã. Os mandamentos nos levam a reconhecer que só Deus, em Jesus Cristo, pode restabelecer a comunhão com ele.

Nós reconhecemos o nosso pecado, pedimos perdão e ele, Deus, restabelece a comunhão com ele e comigo mesmo. Os mandamentos nos ajudam a construir e viver a nossa vida baseados em verdades, uma vida sadia em família, comunidade e sociedade. Quem não viver a partir dos ensinamentos dos mandamentos de Deus acaba por se afastar da verdade e da vida, perdendo o bem-estar e se encaminha para a perdição, para o mal.

Já o cristão convicto procura colocar em prática os mandamentos no dia a dia na família, na comunidade e na sociedade, garantindo o respeito e a boa convivência, e a dignidade humana.

Na realidade de hoje falar em mandamentos parece meio fora de moda. Mas é bom lembrar que por meio dessas leis Deus apenas quer garantir coisas boas ao ser humano, e que a base da vida sejam atitudes de respeito ao próximo, garantindo uma vida digna a todos.

Ao celebrarmos a Quaresma é importante lembrar e refletir sobre a grandeza da lei de Deus e que ela somente quer proteger a vida e a convivência entre os seres humanos para que haja respeito, paz e harmonia. 

Que Deus nos ajude a promover o respeito e a paz entre nós e onde estivermos. Amém.

Pa. Sirlei Nether

Senhor, nosso Deus, nosso Pai criador.

Obrigado Senhor por tudo que temos e somos. Agradecemos por todas as bênçãos que recebemos de Ti, Senhor. Agora Senhor chegamos humildemente na tua presença para pedir pelos teus filhos e filhas que estão internados/as nas enfermarias dos hospitais e aqueles/as que estão nas UTI. Pedimos que restabeleça a saúde destas pessoas.  Esteja ó Deus também com os/as enfermeiros/as, os/as médicos/as que estão cuidando e fazendo tudo para restabelecer a saúde de todos. Em tuas mãos colocamos a nossa vida e de todas as pessoas, famílias. Acolhe-nos neste momento tão difícil e incerto de nossas vidas. Isto te pedimos em nome de Jesus teu filho, nosso Senhor.

Amém.

"Aquela pessoa mudou da água para o vinho!"  Certamente, este ditado tem origem num episódio relatado em João 2.1-11:

Precisamos entender o ambiente cultural deste episódio, pois é diferente do nosso. O vinho é parte da cultura judaica, assim como a cerveja se associa à cultura alemã. Equivocadamente, há cristãos que condenam tomar bebida alcoólica. Porém, o pecado está no abuso ou na dependência, ou seja, se bebo demais ou não consigo ficar um tempo sem beber. João situa o episódio no terceiro dia, isto é, terça-feira. Considerando que o casamento teria começado no domingo e iria até antes do pôr do sol de sexta, já faltava vinho cedo. Calculou-se mal, ou beberam mais do que a média costumeira. Seja qual for a razão, este casamento traria desonra e falatório por muitos anos... Jesus e seus discípulos  chegam ao local das festividades, em Canaã da Galileia. Pensa-se que pode ter sido casamento de algum parente. De qualquer forma, há um grande problema a ser resolvido. Maria, talvez parente do noivo, sabe que Jesus pode fazer algo. Ela toma uma atitude, embora não fosse anfitriã ou dirigente da festa. Sua compaixão mostra que não posso simplesmente achar que o problema dos outros não é meu, contanto que eu esteja bem. Por outro lado, Jesus deixa claro para Maria que Ele é soberano nas suas ações. Ainda não havia chegado a hora de se manifestar publicamente. Mesmo assim, Ele decide ajudar e Maria instrui aos servos para fazerem tudo o que Jesus dissesse. O milagre irá acontecer! E ocorre sempre a partir do que se tem, no caso, seis potes de pedra usados para as cerimônias judaicas de purificação com água – antes e depois das refeições – e água (entre 480 e 720 litros). Jesus pede para enchê-los e levar ao dirigente da festa para provar. De alguma forma, a água foi transformada em vinho. Não qualquer vinho, mas um de sabor especial, contrariando, no pensamento do dirigente da festa, o que normalmente se fazia. A reputação daquela cerimônia de casamento e da família do noivo estavam a salvo! Interessante que quem leva a fama é o noivo... Porém, Maria, os servos e os discípulos sabiam do milagre. E os discípulos creram em Jesus como Messias. A época da Epifania, no calendário litúrgico cristão, nos lembra de que Deus se revela à humanidade por meio de seu Filho. Este primeiro milagre é uma das maneiras desta revelação. Penso que isto aponta para o que Jesus veio fazer na vida do ser humano: transformá-lo em filho de Deus, mudá-lo da “água para o vinho”. Nós e tantos outros esperamos por milagres.. Quem só reconhece o agir de Deus quando acontece algum milagre acaba esquecendo as bênçãos “costumeiras” do dia-a-dia. E esquece que milagre maior é a transformação de vidas: mudança de rumo e a transformação do caráter. Jesus ainda hoje transforma “água em vinho”. Por meio do Espírito Santo, pessoas são convertidas, pecadores são quebrantados e filhos(as) de Deus são santificados. Cada vida mudada da “água para o vinho” terá reflexos nos lares e na sociedade. E a mudança começa em cada “coração”. Não vem por decreto, empolgação coletiva ou por compartilhar nas redes sociais. Mas pela graça de Deus, uma pessoa é mudada “da água para o vinho”? Os outros percebem essa mudança? Não podemos, como cristãos, achar que tudo está bem, se comigo e minha família está bem. Egoísmo é anticristão, anti evangélico. Assim como Maria e Jesus se importaram e agiram na falta de vinho, também somos chamados a nos importar e a agir, com a ajuda de Deus, para amenizar injustiças, desigualdades e sofrimentos.

Falar dos erros, defeitos e pecados das pessoas é bem fácil. É um modo de me “sentir bem”, porque há outro pior do que eu. Porém, Jesus Cristo pode e quer transformar a vida de outros pecadores. Quer tirá-los da escuridão da vida dedicada ao pecado e levá-los a fazer parte do Reino de Deus.

Nós viemos da festa da Epifania, celebrada há poucos dias, no dia 6. Epifania significa a manifestação de Jesus. Jesus se manifestou para a humanidade. Na Igreja Antiga, durante os primeiros séculos, festejava-se o nascimento de Jesus nesta data. Mais tarde, a epifania foi associada, no mundo ocidental, com o aparecimento de Jesus aos gentios, representados nas figuras dos reis magos que lhe trouxeram presentes. E o nascimento de Jesus passou a ser festejado em 25 de dezembro, data do deus sol dos romanos, pois, Jesus é o sol que ilumina a vida da comunidade cristã. O evangelho está associado ao tema da manifestação de Jesus. Ao receber o Batismo pelas mãos de João Batista, Jesus dá início ao seu ministério, conclamando ao arrependimento e anunciando a proximidade do Reino de Deus. É como se fosse um segundo momento decisivo na sua biografia: primeiro ele nasce, conforme o anuncio dos profetas de Israel, depois ele é confirmado como o Filho amado por meio do Batismo. Eu sei que narrativas como esta do batismo de Jesus nos trazem algumas dificuldades. A gente tenta se imaginar um pequeno grupo de pessoas reunidas no rio Jordão, a não concordância de João Batista com a solicitação de Jesus e, por fim, aquela voz que, do céu, confirmou que aquele Jesus alegrava o coração de Deus. É interessante observamos que Deus continua coerente com o modo de agir que revelou ao povo de Israel, em sua longa história. Ele ouviu o clamor de um povo de escravos no Egito e chamou Moisés para intervir naquela situação. Ele chamou profetas que denunciaram a exploração dos pobres da terra por um sistema que foi legitimado pelos reis e pelos sacerdotes do Templo de Jerusalém. Ele se esvaziou e se tornou ser humano, um palestino filho de uma família sem posses e sem prestígio político. Nasceu em Belém, na periferia. E quando deu início ao seu ministério, foi ser batizado no rio Jordão, fora da cidade e do raio de influência dos sacerdotes oficiais. Jesus representa uma novidade que surge da margem da sociedade de então. Ele atualizou para a sua época a esperança. “O reinado de Deus está próximo!” Arrependei-vos e crede no Evangelho . Somos pessoas reconciliadas com Deus porque ele nos amou primeiro. Sejamos felizes e permitamos que as outras pessoas sejam felizes também. Livremo-nos dos interesses mesquinhos e egoístas. A fé em Deus nunca vem dissociada de uma prática coerente em favor da vida! O reinado de Deus se traduz entre nós em sinais de perdão, vida nova e salvação. O Batismo de Jesus o capacita para sua missão neste mundo. Receber o Espírito de Deus e ser por ele amado é o que lhe dá segurança e novas forças para enfrentar os muitos obstáculos pelo caminho. E não foram poucas as dificuldades durante seu curto tempo de atuação que está registrado nos evangelhos! O batismo de Jesus, que é lembrado neste dia, serve também de inspiração para a vivência do nosso Batismo. Por meio dele, fomos e somos acolhidos como integrantes da grande família de Deus. Viver o Batismo, a cada dia, significa estar aberto à possibilidade de ser presenteado pelo acolhimento e pelo cuidado que Deus tem por sua humanidade. Deus alegrou-se com seu Filho e lhe concedeu a companhia de seu Espírito para que, em sua atuação, se manifestasse a proximidade do seu reinado. Deus também nos acolheu e tem cuidado para que sejamos fortalecidas e fortalecidos, a fim de que possamos sinalizar sua presença entre nós. Viver o Batismo significa a oportunidade para encontrar o caminho da reconciliação, libertando-nos de pecados e de culpas que pesam sobre nós. Viver o Batismo é saber que há possibilidade de reconciliação consigo mesmo, com o próximo e com Deus. O Batismo de Jesus, assim como o nosso Batismo, coloca-nos dentro da esfera de atuação do Espírito de Deus, capacitando-nos e fortalecendo-nos para darmos testemunho de seu amor e a colocá-lo em prática em nossas relações. 

Pa. Sirlei Nether

Jesus, era judeu, e no sábado, ia à Sinagoga, onde lê uma passagem da Bíblia e profetiza: “hoje se cumpriu o trecho das Escrituras Sagradas que vocês acabaram de ouvir”. Jesus falava do texto de Isaías 61.1-2 onde está escrito: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor”. Por meio destas  palavras, Jesus estava afirmando que o reinado de Deus que estava sendo anunciado por Isaías no passado tinha chegado naquele exato momento, na época em que viviam, e mais: tinha chegado na sua própria pessoa, trazendo salvação, libertação e restauração. Portanto, além de portador da profecia, Jesus é o conteúdo e o consumador da profecia. Não fala de futuro, mas fala do tempo presente e seu cumprimento.

A reação dos nazarenos

Inicialmente agradaram-se dele, sobremaneira por seu jeito agradável e simpático de falar. Já num segundo momento, segue-se a “sina de profeta”, a rejeição. Pelo fato de conhecerem Jesus, terem-no visto crescer ao seu lado, conhecerem sua origem humilde, o preconceito, uma dúvida nociva se instala nos corações dos nazarenos: “este não é o filho de José?”. Tudo muito natural. Nós também conhecemos isso: “aquele? Ele não tem capacidade!”, “Só podia ser loira!”, “Ela não é mulher para o meu filho!”, “Sai daqui que você não sabe fazer nada mesmo!”,  etc. Ou seja, rejeição preconceituosa de quem olha de cima para baixo, de quem se coloca acima do outro e na sequencia ainda pode vir a pedir provas: “se você é mesmo capaz, então mostra”.

Jesus após ouvir a frase preconceituosa dos nazarenos, logo intui: “sem dúvida vocês vão repetir para mim o ditado que diz: “médico, cure-se a si mesmo” e também vão dizer: “nós sabemos de tudo o que você fez em Cafarnaum, faça as mesmas coisas aqui na sua própria cidade”. Mas Jesus não cede à tentação diabólica de ter de provar com resultados o que está profetizando, nem mesmo confirma a ideia de que uns sejam mais dignos de milagres do que outros. Esta é a lógica humana, deste mundo passageiro, que é regido por capacidades, por poder, por força, por aparência e não pelo amor, o perdão e a misericórdia. 

O profeta deve simplesmente concentrar suas forças em anunciar a palavra de Deus. Não precisa fazer milagre, assim como não fizeram Elias e Eliseu no seu tempo e nem mesmo Jesus em Nazaré. Portanto, somos chamados a responder à palavra de Jesus com um “sim”, bem como a ser profetas e profetizas, anunciando ao mundo inteiro que Deus se dá a conhecer em Jesus. Que este Deus é amor. Um amor que quer fazer diferença na vida de todas pessoas, levando-as a mudança de vida, seja pessoal ou comunitária, seja na realidade social como um todo. A história a concluir é uma excelente ilustração do que Jesus fez e somos chamados a fazer apontando para ele:

Deus se fez gente para que os seres humanos entendessem a sua intenção e aceitassem o propósito da sua criação.

Amém!